sábado, 25 de junho de 2011

Machado de Assis: o estilo


    
O blog do curso de Letras da Unisinos postou este texto sobre o estilo de Machado de Assis. Foi o melhor texto que já li sobre a obra de Machado. Por isso, resolvi postar por aqui também. Como dizem por aí: Machado é tudo!
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        Durante 40 anos, Machado escreveu crônicas. Utilizando-se de histórias do dia a dia, refletindo sobre a História que se desenhava à sua volta. Machado falou, sim, da escravidão, mas, não se utilizando do emocionalismo que caracterizava as manifestações abolicionistas, e sim, a análise, a reflexão, demolindo a ideia (muito comum na época) da “bondade dos brancos” ao libertar os negros. Em sua obra (crônica, conto, romance) procurou desvendar os mecanismos econômicos e ideológicos que tentavam justificar, primeiro, a necessidade do trabalho escravo e, depois, a contingência imperiosa da libertação. Em 13 de maio de 1888, foi assinada a Lei Áurea. No dia 19, do mesmo mês, Machado de Assis publicou uma crônica sobre o assunto, ironizando a “bondade dos brancos”.
        Machado de Assis não passou largo dos grandes acontecimentos de seu tempo. É possível entrever, no registro do cotidiano feito por suas crônicas, assim como, posteriormente, nos romances, a ligação com o contexto social mais amplo.
Entre uma crônica e outra, entre uma crítica teatral e um poema, Machado de Assis ia tecendo a parte mais importante de sua obra: o conto e o romance

As fases
        Passeou pelo Romantismo e pelo Realismo, assimilando características de ambos, mas, não se pode enquadrá-lo radicalmente em nenhum desses estilos. Pode-se dizer, a grosso modo, que os romances da primeira fase tendem ao Romantismo e os da segunda fase, ao Realismo.
        Porém, nos romances de primeira fase, já se podem notar algumas novidades, sendo a principal delas,  a criação de personagens que ambicionam, sobretudo, mudar de classe social, ainda que isso lhes custe sacrificar o amor, bem diferentemente dos romances românticos, em que os personagens, em geral, comportam-se de acordo com aquilo que lhes dita o coração.
        Centrou seu interesse na sondagem psicológica, isto é, buscou compreender os mecanismos que comandam as ações humanas, sejam elas de natureza espiritual, ou decorrentes da ação que o meio social exerce sobre cada indivíduo. Tudo temperado com profunda reflexão. O escritor buscava inspiração nas ações rotineiras do homem. Penetrando na consciência das personagens para sondar-lhes o funcionamento, Machado mostrou, de maneira impiedosa e aguda, a vaidade, a futilidade, a hipocrisia, a ambição, a inveja, a inclinação ao adultério. Como este escritor capta sempre os impulsos contraditórios existentes em qualquer ser humano, torna-se difícil classificar suas personagens em boas ou más. Escolhendo suas personagens entre a burguesia que vive de acordo com o convencionalismo da época, Machado desmascara o jogo das relações sociais, enfatizando o contraste entre essência (o que as personagens são) e aparência (o que as personagens demonstram ser). O sucesso financeiro e social é, quase sempre, o objetivo último dessas personagens.
        Preocupava-se muito mais com a análise das personagens do que com a ação. Por isso, em sua narrativas, pouca coisa “acontece”: há poucos fatos em suas histórias, e todos são ligados entre si por reflexões profundas. Outra característica da prosa machadiana é a análise que o autor faz da própria narrativa: o narrador rompe o envolvimento emocional do leitor com a obra, proporcionando momentos de reflexão sobre o que está lendo. A visão de mundo machadiana tem as seguintes características: o humor, com dois objetivos: ora visa criticar o ser humano e suas fraquezas, através da ironia, ora demonstrar compaixão pelo homem, fazendo o leitor refletir sobre a condição humana; o pessimismo, não o angustiado, nem o desesperador. Tende à ironia e propõe a aceitação do prazer relativo que a vida pode oferecer, já que a felicidade absoluta é inatingível. A natureza, considerada, aqui, como todas as forças que estabelecem e conservam a ordem do universo é, ao mesmo tempo, mãe, porque criou o ser humano, e inimiga, porque mantém-se impassível, diante do sofrimento, que só terá fim com a morte.
        Quando a mulher, Carolina, morreu, em 1904, a vida de Machado de Assis desmoronou. Disse: Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo [...] Aqui me fico, por ora, na mesma casa, no mesmo aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo me lembra a minha meiga Carolina. Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei tempo em recordá-la. Irei vê-la, ela me esperará.
        Carolina não teve de esperar mais do que quatro anos. Com a vista fraca, uma renitente infecção intestinal e uma úlcera na língua, em 1.º de agosto, Machado vai pela última vez à Academia Brasileira de Letras – que fundara em 1896 e da qual fora eleito presidente primeiro e perpétuo. Na madrugada de 29 de setembro de 1908, lúcido, recusando a presença de um padre para a extrema-unção, morre, reconhecido pelo público e pela crítica como um grande escritor.

Fonte: Excertos de http://www.culturabrasil.pro.br/machadodeassis.htm (2011)

sábado, 18 de junho de 2011

Conto "Encontro.com"

                                                               Encontro.com

        Clara dá uma última olhada no espelho. Retoca a maquiagem. Resolve fazer um rabo-de- cavalo no cabelo, pois a previsão do tempo indica chuva para o início da noite. Não saia de casa sem antes escutar a previsão do tempo. Pensou em desistir do encontro. O tempo não era propício. Além do mais, sequer tinha visto uma foto do rapaz. Seria como encontrar uma agulha no palheiro.
        Anda de um lado para o outro. Senta. Levanta. Estala os dedos. A sua ansiedade por fim vence. Pega as chaves do carro e sai rumo ao encontro. Suas mãos suam. Está insegura quanto a sua decisão. Sempre age por impulso e depois se arrepende. Fecha o sinal. Clara freia bruscamente. Morde o lábio inferior. Retoca novamente o batom. Abre o semáforo, mas não consegue ir muito longe. Acaba de pegar um congestionamento. Olha o relógio. Não chegaria a tempo de cumprir o horário combinado. Pensa em desistir pela segunda vez. A chuva anunciada começa antes do horário previsto. Clara debruça o peito sobre o volante e resmunga consigo mesma: Tá vendo clara. Sua teimosa!
Respira fundo. Conta até dez. Esse truque sempre funciona. Pensamento positivo. Abre o porta luva em busca da página impressa do site de relacionamentos. Precisa relembrar a descrição do candidato a ocupar o seu coração solitário. Começam a buzinar insistentemente. Distraída nem percebe que o congestionamento acabou. Acelera.
        Pontualmente 15:00 horas. Clara disfarça um tempo olhando as vitrines. Não pode ser pontual logo no primeiro encontro. Vai parecer que está muito interessada. Entra em algumas lojas. Olha ansiosa para o relógio. Os minutos não passam. Uma vendedora vem sorridente ao seu encontro:
-Boa noite! Posso ajudá-la?
Clara pensa: Um rapaz alto, de olhos verdes, corpo escultural, trajando calça jeans e camiseta laranja. Conhece?
Por fim, responde:
-Não, nada não. Estou somente dando uma olhadinha.
A vendedora se afasta um pouco:
-Fique à vontade. Se precisar de ajuda o meu nome é Luiza.
        Clara disfarça um pouco. Agradece a vendedora e sai da loja um pouco desajeitada. Tudo o que precisava era se sentir à vontade com aquela situação. Fita o relógio pela última vez. Enche o peito de coragem e decide acabar com aquela agonia. Se encaminha decidida até o corredor combinado. De longe avista um homem de estatura mediana com calça jeans e camisa laranja. Decide ir pelo lado contrário do corredor. O coração acelera em mil batidas. As características não conferem. Para pela última vez. Disfarça. Coloca os óculos escuros para ter certeza do que estava vendo. Segue cuidando pelo canto do olho. De repente, sai em disparada em direção a porta principal do shopping rumo ao estacionamento. Nesta fuga desenfreada nem percebe que passou da sua vaga. Para um pouco para retomar o fôlego. Finalmente conclui: Devia ter me guiado pela previsão do tempo. Os meteorologistas dificilmente erram.

domingo, 5 de junho de 2011

Trinta invernos


Fechou mais um ciclo de vida. Tudo passa e não voltará jamais. Encontro-me como um dia de inverno- triste, cinza e gelado. O sol, o dono do meu humor, aparece tímido entre nuvens quase apagado. E eu, assim como as flores, vou tentando resistir a mais um dia nublado.  

Projeto estabelece punições para estudante que desrespeitar professor

Projeto de lei do Paraná estabelece punições para estudante que desrespeitar professor

Amigos, eis aí algo que precisa do nosso apoio, para diminuir um pouco a inversão dos valores.

Assine a petição: http://www.peticaopublica.com/PeticaoAssinada.aspx?pi=P2011N10291

                 Projeto estabelece punições para estudante que desrespeitar professor

A Câmara analisa o Projeto de Lei 267/11, da deputada Cida Borghetti, que estabelece punições para estudantes que desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino.

Em caso de descumprimento, o estudante infrator ficará sujeito à suspensão e, na hipótese de reincidência grave, encaminhamento à autoridade judiciária competente.

A proposta muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta como responsabilidade e dever da criança e do adolescente na condição de estudante.

Indisciplina

De acordo com a autora, a indisciplina em sala de aula tornou-se algo rotineiro nas escolas brasileiras e o número de casos de violência contra professores aumenta assustadoramente. Ela diz que, além dos episódios de violência física contra os educadores, há casos de agressões verbais, que, muitas vezes, acabam sem punição.

Tramitação

O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta: PL 267/2011
Reportagem - Murilo Souza
Edição - Newton Araújo

http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2650168/projeto-estabelece-punicoes-para-estudante-que-desrespeitar-professor

http://www.camara.gov.br/sileg/integras/838075.pdf