No dia 14/05/2011 estive no Hotel Deville em Porto Alegre para um evento promovido pelas editoras Ática e Scipione. Na ocasião estiveram presentes renomados professores e autores de gramáticas. Na abertura do evento, Mozart Neves Ramos que já foi secretario da Educação de Pernambuco e atualmente leciona física nos cursos de graduação da Federal de Pernambuco. Depois cada professor dirigiu-se de acordo com a sua área de atuação as salas indicadas, onde ocorreriam os seminários ministrados por consagrados autores de gramáticas e dicionários (no caso dos professores de línguas).
Por estar lecionando, atualmente, língua inglesa optei pelo seminário ministrado pelo professor e autor Amadeu Marques. O autor das gramáticas que foram adotadas pelos meus professores de Ensino Médio. E agora me encontro na condição de colega do Amadeu, visto que ele também é professor.
O professor Amadeu é um cara que tem uma baita percepção da realidade do ensino das escolas publicas, mesmo um pouco distante das salas de aula, já que, no momento, ele se dedica em tempo integral na elaboração da nova gramática da editora Ática. Ele em poucas palavras sintetizou muito bem a atual realidade do ensino de línguas estrangeiras no nosso país. Segundo ele, um ensino precário já que muitos professores trabalham, muitas vezes, sem sequer um livro didático (como é o meu caso) e com uma carga horária extramamente reduzida, ou seja, os alunos têm um único período de apenas 40 minutos semanal (o meu caso também). E aí? O que fazer? Resta ao professor duas alternativas. A primeira é elaborar um polígrafo e torcer que todos peguem no xerox; e a segunda é se limitar a passar o conteúdo em uma aula e os exercícios na próxima aula daqui a uma semana. Fica a pergunta: Por quê o MEC não investe em livros didáticos para o ensino de língua inglesa e espanhola? O nosso país não vai ser a sede da Copa de 2014? Como vamos recepcionar os nossos visitantes? Falando português? Não seria a língua inglesa um idioma universal? Parece que aqui no Brasil os nossos governantes não pensam assim. Já se fala na necessidade de três línguas ou mais...bem não vamos entrar em utopias.
Dedicatória carinhosa: "To Ana my best friend!" |
Para finalizar, Marques explicou como organizou a sua gramática e tocou em outro ponto importante: a questão da gramática apresentar vários enunciados em língua portuguesa. Fato que faz com que muitos autores e estudiosos de língua inglesa critiquem-o. Então, ele nos trouxe a seguinte justificativa: Como posso elaborar uma gramática toda em língua inglesa (o que seria o correto) se os alunos, muitas vezes, afirmam não saber nem o português que é a nossa língua materna. Isso no mínimo desistimularia os nossos alunos principalmente os estudantes dos últimos anos do Ensino Fundamental. O ensino de uma língua estrangeira no Brasil provavelmente continuará por um bom tempo nesse processo lento, mas o aprendizado deve ser contínuo, isto é, sem a falta de professor de língua moderna. E os chamados "Severinos" devem ser substituídos por profissionais qualificados.
Então, professores (as) escolham bem os seus livros didáticos de acordo com a sua realidade e a de seus alunos. E esperamos que esses livros cheguem em março de 2012. De preferência sem atrasos. Não dá para continuar mais um ano trabalhando com um livro didático de português, por exemplo, com a ortografia antiga. Ah! Obrigada Amadeu pela suas palavras sabias e pelo seu carinho e exemplo de humildade, embora tenha títulos e publicações de sobra para ostentar.
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