domingo, 6 de fevereiro de 2011

Girassóis póstumos

Os olhos da angústia perdidos em distantes campos
Encontraram uma doce inspiração
Embalados pelos encantos
De uma ensolarada tarde de verão.

O sol invade subitamente a alma.
O coração adormecido volta a palpitar.
As mãos tremulas tentam manter a calma.
Os pássaros selvagens começam a cantarolar.

Os sonhos de uma vida inteira
Em desesperadas pinceladas
Vão renascendo das cinzas da ira
E tomando a forma de uma pedra lapidada.

Eis as flores que acalentam a alma
Doze girassóis murchos e amargurados
Aprisionados em um vaso com água
Doze vidas lentamente anuladas.

Longe dos campos onde nasceram e cresceram
Os girassóis assistem passivos a passagem do tempo
Estão condicionados as leis dos homens que os colheram
Aguardam ansiosamente o reconhecimento dos seus talentos.

Suas pétalas de um amarelo vibrante
Adquirem, aos poucos, a cor da morte
O cinza é a cor predominante
Encontram-se abandonados a própria sorte.

A morte triunfa sob a vida.
Igualmente sob a arte.

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