sábado, 18 de junho de 2011

Conto "Encontro.com"

                                                               Encontro.com

        Clara dá uma última olhada no espelho. Retoca a maquiagem. Resolve fazer um rabo-de- cavalo no cabelo, pois a previsão do tempo indica chuva para o início da noite. Não saia de casa sem antes escutar a previsão do tempo. Pensou em desistir do encontro. O tempo não era propício. Além do mais, sequer tinha visto uma foto do rapaz. Seria como encontrar uma agulha no palheiro.
        Anda de um lado para o outro. Senta. Levanta. Estala os dedos. A sua ansiedade por fim vence. Pega as chaves do carro e sai rumo ao encontro. Suas mãos suam. Está insegura quanto a sua decisão. Sempre age por impulso e depois se arrepende. Fecha o sinal. Clara freia bruscamente. Morde o lábio inferior. Retoca novamente o batom. Abre o semáforo, mas não consegue ir muito longe. Acaba de pegar um congestionamento. Olha o relógio. Não chegaria a tempo de cumprir o horário combinado. Pensa em desistir pela segunda vez. A chuva anunciada começa antes do horário previsto. Clara debruça o peito sobre o volante e resmunga consigo mesma: Tá vendo clara. Sua teimosa!
Respira fundo. Conta até dez. Esse truque sempre funciona. Pensamento positivo. Abre o porta luva em busca da página impressa do site de relacionamentos. Precisa relembrar a descrição do candidato a ocupar o seu coração solitário. Começam a buzinar insistentemente. Distraída nem percebe que o congestionamento acabou. Acelera.
        Pontualmente 15:00 horas. Clara disfarça um tempo olhando as vitrines. Não pode ser pontual logo no primeiro encontro. Vai parecer que está muito interessada. Entra em algumas lojas. Olha ansiosa para o relógio. Os minutos não passam. Uma vendedora vem sorridente ao seu encontro:
-Boa noite! Posso ajudá-la?
Clara pensa: Um rapaz alto, de olhos verdes, corpo escultural, trajando calça jeans e camiseta laranja. Conhece?
Por fim, responde:
-Não, nada não. Estou somente dando uma olhadinha.
A vendedora se afasta um pouco:
-Fique à vontade. Se precisar de ajuda o meu nome é Luiza.
        Clara disfarça um pouco. Agradece a vendedora e sai da loja um pouco desajeitada. Tudo o que precisava era se sentir à vontade com aquela situação. Fita o relógio pela última vez. Enche o peito de coragem e decide acabar com aquela agonia. Se encaminha decidida até o corredor combinado. De longe avista um homem de estatura mediana com calça jeans e camisa laranja. Decide ir pelo lado contrário do corredor. O coração acelera em mil batidas. As características não conferem. Para pela última vez. Disfarça. Coloca os óculos escuros para ter certeza do que estava vendo. Segue cuidando pelo canto do olho. De repente, sai em disparada em direção a porta principal do shopping rumo ao estacionamento. Nesta fuga desenfreada nem percebe que passou da sua vaga. Para um pouco para retomar o fôlego. Finalmente conclui: Devia ter me guiado pela previsão do tempo. Os meteorologistas dificilmente erram.

Um comentário:

  1. A-DO-REI! Este é um dos textos que fazem parte da seleção de leitura q fiz p meus alunos. Tenho certeza q irão gostar.

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